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Um velho presidente e um velho papa

(RNS) — Os americanos idolatram a juventude. Queremos algo novo, fresco e bonito. Rugas não são emblemas de sabedoria e maturidade. Elas são feias e precisam ser interrompidas com Botox.

Hoje, temos um papa idoso em Roma, um presidente idoso e um candidato republicano idoso à presidência.

Como o papa de 87 anos tem dificuldade para andar, a mídia falava constantemente sobre a possibilidade de o Papa Francisco renunciar. As pessoas esquecem que um presidente em uma cadeira de rodas nos ajudou a passar pela Grande Depressão e pela Segunda Guerra Mundial. A capacidade de andar não é essencial para papas ou presidentes.

De qualquer forma, a mídia parou de falar sobre a renúncia do papa depois que ele se saiu tão bem em uma longa entrevista no “60 Minutes” e na CBS News. Ele estava atento, suas respostas eram claras e sua personalidade pastoral brilhava. Ele acertou a bola para fora do campo. Embora algumas pessoas não tenham gostado de algumas de suas respostas, ninguém poderia julgá-lo incapaz de desempenhar suas funções.

O Papa Francisco é entrevistado por Norah O'Donnell da CBS no “60 Minutes”. (Foto de Adam Verdugo/CBS News/60 Minutes)

Infelizmente, o desempenho de Joe Biden, de 81 anos, no debate com seu oponente de 78 anos não foi tão encorajador, para dizer o mínimo. Em vez de tranquilizar o público, como a aparição do papa na CBS fez, o debate reforçou as preocupações sobre a idade do presidente e causou preocupação entre os democratas sobre se seria um revés permanente ou algo que ele pode superar com o tempo.



O oponente de Biden foi combativo e direto ao ponto, embora quase todas as palavras que saíram de sua boca fossem mentiras. A performance do presidente nos deixou tristes; a performance de Donald Trump foi assustadora.

Também são assustadoras as pessoas com quem o ex-presidente se cercará se retornar à Casa Branca. A presidência não é uma única pessoa; são também todas as pessoas que o presidente traz para o poder executivo para administrar o governo. Muitas das pessoas experientes que cercaram Trump em seu primeiro mandato o denunciaram e apoiaram Biden. A segunda presidência de Trump será repleta de bajuladores incompetentes.

Além das personalidades dos candidatos, há questões sistêmicas que nos levaram onde estamos hoje.

Primeiro, o Partido Republicano foi administrado por décadas por interesses corporativos que usaram queixas populares sobre raça e religião para vencer eleições, para que pudessem impor impostos mais baixos e menos regulamentações. A demagogia republicana abriu caminho para um demagogo assumir o partido das elites corporativas e profissionais do partido que administravam o partido no passado. O pragmatismo deu lugar à política de queixas, que dizia que se vingar era mais importante do que fazer qualquer coisa.

Os democratas, por outro lado, reformularam a política partidária substituindo seus próprios chefes partidários por eleições primárias como método de chegar a um indicado após o desastre da convenção de Chicago de 1968. Mas, na ausência de anciãos do partido, o dinheiro e a mídia agora determinam quem é indicado.

À medida que as primárias se consolidavam em ambos os partidos, os eleitores mais radicais, sem o controle dos profissionais do partido, ganharam influência. Em vez de se moverem para o meio para vencer as eleições, os candidatos agora se movem para os extremos para apelar àqueles que mantêm as posições mais ideológicas.

No passado, os chefes do Partido Republicano poderiam ter parado Trump. Lembre-se, Barry Goldwater disse a Richard Nixon que ele tinha que ir para acabar com o escândalo de Watergate. Os profissionais do Partido Democrata poderiam ter dito a Biden para renunciar após quatro anos. Lembre-se, Lyndon Johnson se afastou para seu vice-presidente mais progressista, Hubert Humphrey.



Hoje, nenhum republicano eleito que enfrenta uma primária tem coragem de se manifestar contra Trump. Nem é provável que profissionais democratas consigam fazer Biden se afastar e então se unirem em torno de um novo candidato sem um banho de sangue político. Todo candidato coloca a si mesmo acima do partido.

A política de hoje faz a gente ansiar pelos dias do prefeito de Chicago, Richard J. Daley. Os chefes do partido nos trouxeram gente como Harry Truman e John F. Kennedy. É verdade, havia corrupção e suborno, mas pelo menos o lixo era coletado. E uma multidão de profissionais políticos é melhor do que o governo de um homem só.

Dinheiro e celebridades da mídia estão governando o país sem nenhum controle. É hora de reverter essa tendência, dando algum poder de volta aos profissionais políticos.

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